sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ontem foi um dia bastante estranho para mim. Explico: sofro de ansiedade e às vezes, do nada, o corpo libera uma carga desnecessária de adrenalina: o coração acelera, as mãos ficam frias, o peito aperta, o choro brota fácil e dá uma vontade danada de engatinhar para debaixo das cobertas e ficar no quentinho, no escuro, no silêncio. Até a sensação sufocante passar. Mas, obviamente, quase nunca isso é possível. E raras são as pessoas que entendem o problema e sabem respeitar as pausas necessárias nessas horas.
Nesta quinta-feira, a ansiedade foi tanta que precisei de uma "pausa de emergência". Saí mais cedo do trabalho e fui para casa.
Algumas gotas de clonazepam depois, tinha duas opções: me enfiar debaixo do edredom ou correr para o clube e nadar, nadar, nadar até a ansiedade passar. Fiquei com a segunda opção.
No clube que frequento, há duas piscinas: uma aquecida e outra "normal". Fui na "normal", esperando que o contato da água fria com minha pele tivesse poder energético. Mergulhei sem medo. E nadei, nadei, nadei... até cansar.
Aí aconteceu algo muito, mas muito bonito. O sol saiu detrás das nuvens e iluminou parte da piscina, justamente onde eu me encontrava. Seus reflexos fizeram a superfície da água ficar prateada, brilhante. E isso incluiu meu corpo. Senti os raios solares me atingirem, fechei os olhos e me entreguei.
Fiquei assim, entregue, boiando e sentindo no rosto, no corpo, na alma o calor do sol de uma tarde de agosto... A ansiedade foi, então, dando lugar a um enorme bem-estar. Como se eu flutuasse universo afora, sem nome, profissão, obrigação, desejo, passado, importância. Uma experiência à la Kieślowski, ou talvez Godard...