sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Às vezes, aliás, muitas vezes eu me pergunto se é preciso que as coisas recebam nome, que as cartas estejam na mesa, que as regras sejam claras etc.. Porque gosto de saber onde estou pisando. Assim, posso evitar cair num buraco, me afogar em areia movediça ou escorregar no cascalho.
Até aí, tudo bem. O problema é que tenho a (terrível) mania de calar acerca do que me incomoda. Então me torno a "melhor" mulher do mundo: tudo entende, contemporiza, relativiza, aceita. Uma lady. A elegância em forma de gente. Embates? Evitados a todo custo.
Mas tenho consciência de que ser assim não é bom – para mim. Podem achar que não me importo (quando, na verdade, me importo); podem não me levar a sério; e, pior, pode dar câncer.
Os 39 chegaram com esta lição: aprender a falar. Falar! Na hora certa, no momento oportuno, correndo os riscos inerentes.
Cresci em uma casa onde falava-se pouco e, quando falavam, podiam ferir. Provavelmente vem daí minha preferência pelo silêncio. Há que se romper, porém, com padrões infantis.
Determinadas situações subentendidas nas entrelinhas, se nomeadas, explicitadas, publicizadas, perderiam a leveza que hoje possuem? Perderiam o inefável encanto? Dúvida do momento.